05. É o estômago responsável pela halitose ou mau hálito?

Existe uma crença generalizada na sociedade que a halitose com origem no estômago é uma das mais frequentes. Com rigor, não é assim. Os últimos relatórios provenientes de diversos centros clínicos europeus indicaram que a percentagem de pacientes diagnosticados com este tipo de halitose geralmente não ultrapassa os 3% (em relação ao total de pacientes que procuram tratamento).

A proporção destes casos não é elevada se considerarmos que cerca de 30% da população possui algum tipo de problema gástrico. Demonstrou-se que algumas linhagens da bactéria estomacal Helicobacter pylori são capazes de produzir compostos sulfurados voláteis. Analogamente, diversas patologias do foro gástrico e digestivo predispõem a manifestação de halitose.

“Demonstrou-se que algumas linhagens da bactéria estomacal Helicobacter pylori são capazes de produzir compostos sulfurados voláteis”.

Alguns exemplos verificados no nosso departamento (e confirmado por outros centros sediados noutros países) são a gastrite, úlceras, hérnia de hiato, refluxo gastroesofágico, divertículo de Zenker, doença inflamatória intestinal, presença de corpo estranho na faringe e diversas neoplasias do tubo digestivo. A endoscopia digestiva não deve ser realizada como um exame de primeira eleição para o diagnóstico da halitose, já que é menos específica quando comparada com a cromatografia gasosa.

As halitoses com origem digestiva não são muito frequentes. Ainda que uma pessoa com halitose possa ter algum tipo de problema digestivo, muito frequentemente a origem da halitose que acabamos por encontrar é outra (por exemplo, as do foro da otorrinolaringologia são bastante mais frequentes). Quando existe sintomatologia digestiva associada, a gastroscopia pode ser útil na detecção de algumas das patologias anteriormente referidas.