07. Existem aparelhos para analisar o mau hálito ou a halitose?

A resposta é sim, no entanto ainda persistem uma série de aparelhos que afirmam medir a halitose mas não são eficazes (alguns estão comercialmente disponíveis e a preços acessíveis na Península Ibérica). Muitos destes aparelhos para uso pessoal apresentam-se como novidades tecnológicas muito recentes mas a verdade é que desde a década de 90 já eram comercializados em países como o Japão (com a designação de Breath Alert, entre outros).

O hálito humano pode conter mais de 3000 compostos voláteis distintos. Até à data, apenas os complexos aparelhos de cromatografia gasosa de uso laboratorial e os narizes electrónicos podem medir todos os compostos. Todos os restantes aparelhos, portáteis, etc., como muito, estão capacitados para medir apenas uma pequena parte desses compostos como os que contêm enxofre. A maioria destes aparelhos detecta-os de forma pouco fiável.

“Até à data, apenas os aparelhos de cromatografia gasosa e os narizes electrónicos conseguem detectar todos os compostos voláteis”.

Isto significa que o recurso a estes aparelhos pode resultar num falso-negativo, ou seja, o aparelho indica que não existe mau hálito, mas na realidade existe, já que os compostos presentes no mau hálito de uma pessoa podem não conter as moléculas de enxofre que estes aparelhos teoricamente identificam (como os compostos orgânicos voláteis que não contêm enxofre, como o indol, escatol, putrescina, etc.).

Se estes aparelhos portáteis de uso pessoal fossem fiáveis, seriam uma ajuda oportuna para que uma pessoa soubesse, num dado momento, se tem mau hálito. Em segundo lugar, os pacientes que os compram frequentemente constatam que medições realizadas no mesmo minuto resultam em valores bastante dispares, provocando confusão e insegurança, afetando negativamente a autoconfiança e a autoestima.

Frequentemente sou questionado sobre um aparelho para uso em clínica no gabinete do dentista – o Halimeter. Não é um cromatógrafo gasoso mas sim um detetor/monitor de compostos sulfurados. Foi um aparelho inventado no início dos anos 90 e que atualmente se considera obsoleto quando comparado com as tecnologias mais recentes, como os narizes electrónicos. O Halimeter não identifica individualmente cada composto de enxofre (os CSVs) e também não mede corretamente a totalidade destes. Esta realidade é amplamente reconhecida pela comunidade científica. Por exemplo, a sensibilidade aos compostos mais complexos de enxofre como o dimetilssulfuro (bastante presente na população) é muito baixa.

Neste sentido, recomendamos a todos aqueles que desejam saber se têm ou não mau hálito, perguntar a um familiar ou amigo (confidente). Se existe a confirmação e é necessário saber qual a causa (ou se o paciente não se sente à vontade em dissipar esta dúvida com o confidente), deverá buscar um departamento clínico que possua um aparelho de cromatografia gasosa ou narizes electrónicos de modo a identificar e medir os compostos presentes no hálito, para um tratamento bem-sucedido.